Polêmica | O vice-presidente, o ministro e a CPI

por Ivar Hartmann, promotor de justiça aposentado

O que relato é do conhecimento comum. O presidente sempre minimizou o vírus chinês e sua gravidade. Ria da máscara e do distanciamento. Protelava a compra de vacinas porque dizia que a cloroquina resolvia tudo. Os direitopatas, termo criado por mim, porque abriga o inverso dos esquerdopatas, concordavam com o ídolo. O seu terceiro ministro da saúde, Pazzuelo, incompetente mas serviçal, conseguiu deixar Manaus sem oxigênio. Centenas de pessoas morreram por causa disso na capital da Amazônia. Vexame internacional.

Com o aumento dos casos, sem providências rápidas que implicavam em aumentar a infraestrutura hospitalar, mandou transferir os doentes para outros estados. Quando já se sabia que havia uma cepa local, pior que a original, chamada de Manaus, mais resistente e que acabou por disseminar o vírus pelo país, como é o caso atual do Rio Grande do Sul. Os países civilizados que tiveram surtos locais fizeram o oposto: fecharam o território infectado.

A imprensa chapa branca diz que não somos os piores do mundo em mortes per capita. Grande consolo para quem perde familiares e amigos. O esperto governador de São Paulo importou vacinas da China e obrigou o governo a comprar também. As fake das redes sociais, deturpando a verdade, coisa natural para políticos, tentam fazer de Bolsô o herói do momento.

Parece o contrário: O vice presidente deu entrevista há pouco dizendo que o que faz um ministro da saúde é de responsabilidade direta do presidente, de quem é subordinado. Deveriam lê-la. É o general vice-presidente da República, acusando seu chefe, capitão. A CPI da Pandemia vai sair. No Japão, Pazzuelo iria para a cadeia ou cometeria haraquiri.