AHAI 03 – Convite para parceria de Primeiro Mundo

Senhor Diretor,

Nasci na Linha Bonita, distrito de Tesouras, no então município de Palmeira das Missões, RS, desde 1959 município de Chapada, que conta hoje em torno de 10 mil habitantes, dos quais uns 75% são de origem alemã, uns 15%, inclusive o atual prefeito,  de origem italiana, produtores de excelentes vinhos, e os demais de origem lusa e outras. Na minha infância conheci as limitações da difícil agricultura de subsistência, com a praga das formigas, as erosões após as sistemáticas lavragens do solo com juntas de bois, as áreas improdutivas chamadas de “Giftplatz” (local envenenado), o avanço das macegas/barbas-de-bode, as secas devastadoras, os preços instáveis dos produtos agrícolas, as escolas distantes sem nenhum transporte público, as aulas de religião no domingo à tarde pelo padre da paróquia… estragando o único dia de folga das lides escolares e agrícolas, a debandada dos jovens casais e de famílias inteiras para SC, PR  e assim por diante. Mesmo assim, uma infância feliz. Hoje em dia, tudo mudou – para melhor!  Pessoalmente, idem. Rodei mundo, mas continuo cada vez mais fiel às minhas origens!

Subsistência x Precisão
A agricultura de subsistência e sobrevivência da época transformou-se em agricultura de precisão e agronegócio, que garantem ao agricultor uma vida bem mais participativa nas conquistas da moderna civilização. Nunca imaginei que um dia fosse usar esta imagem para falar de um outro assunto que me é muito caro, por envolver um projeto de vida em benefício de toda a coletividade. E este assunto se refere à persistência de um nível de subsistência dos anos 40, 50 e 60 do século passado. Refiro-me à nossa cultura alemã, muito marcada pela 2ª Guerra Mundial e suas funestas conseqüências, que se abateram sobre a próspera comunidade alemã no Brasil. Alemão virou palavrão, xingamento, humilhação. As lideranças teuto-brasileiras da época não reagiram à altura a essas humilhações públicas, pois não tinham nenhuma culpa em cartório. Muito pelo contrário, tinham sido responsáveis pelo que havia de melhor na época, com uma produção agrícola abundante e abastecedora dos grandes centros, com um processo artesanal admirável de sapateiros, ferreiros, carpinteiros etc, que aos poucos foram dando origem ao processo de industrialização, comandado por eles e pelos imigrantes italianos, dando origem a indústrias como Renner, Wallig,  Neugebauer, Hering, Schmidt, Weeg, só para citar algumas. No pós-Guerra, as humilhações foram tão traumatizantes que os pais de família de origem alemã mais destacadas nem queriam mais falar alemão com seus filhos para poupar-lhes essas agruras. Foi assim que a cultura alemã sofreu um forte impacto, nunca mais recuperado em seu antigo esplendor. Hoje em dia, ninguém mais se dá conta da antiga sofisticação alemã de capitais como Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.

Subsistência
O que restou da cultura alemã foi praticamente aquela que sobreviveu nas camadas mais populares das regiões interioranas, com a elite local cada vez mais distanciada das origens. Falar alemão virou “língua de grosso”, conforme pesquisa realizada junto a jovens em Santa Cruz do Sul, a cidade da maior Oktoberfest do RS, em 2007. A auto-estima dos descendentes de alemães andava lá embaixo, recuperando-se gradativamente no embalo de Oktoberfestas surgidas no início da década de 1980 e de outras manifestações populares de cunho turístico. Aos poucos, fomos descobrindo que não éramos tão “feios” como nos fizeram acreditar, mas haviam conseguido que vestíssemos esta carapuça. Na verdade, a nossa cultura alemã sobreviveu e se desenvolveu nas suas formas mais populares, ancorada em bandinhas, grupos de danças e corais. O ensino de alemão sumiu, os órgãos de imprensa em língua alemã foram morrendo com seus leitores e a ruptura com a Alemanha nos deixou entregues à nossa própria sorte, feitos formigueiros e enxames de abelhas sem rainha. Apresentador de programa de rádio tinha que ser “engraçado”, “palhaço”. E achamos que estamos falando alemão quando dizemos “Ja, wir haben tentiert und tentiert, aber nicht conseguiert”, conforme registro da mais importante revista alemã, Der Spiegel, em reportagem sobre Pomerode, SC, “a cidade mais alemã do Brasil”.
O acompanhamento de diversos programas de rádio dedicados à nossa cultura alemã, hoje possível a qualquer distância graças à Internet, nos confirmou um panorama que configura perfeitamente este estágio de mera subsistência e de penosa sobrevivência de manifestações caricatas de uma das culturas mais respeitadas, pujantes e inovadoras do mundo. Não é por acaso que a Alemanha é o país dos grandes pensadores, escritores, inventores, reformadores e inovadores. Quase nada disso transparece em nossas “horas alemãs”, feitas por pessoas abnegadas e bem-intencionadas, que têm o mérito de manterem a chama acesa e de preservarem a memória dos antepassados. Em termos de futuro, porém, poucas perspectivas, pois não saem do isolamento cultural a que se submeteram.

Grandes eventos
Estamos em pleno ano de Temporada da Alemanha no Brasil (2013 – maio 214), aberta oficialmente, com muita pompa, pelos presidentes do Brasil e da Alemanha, em São Paulo, por ocasião do grandioso ato inaugural do 31º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, com a presença de dois mil empresários brasileiros e alemães, na segunda-feira, dia 13 de maio, onde os Governadores do Sul do Brasil, sintomaticamente, brilharam pela ausência, ao contrário dos Governadores da Bahia e Espírito Santo, que compuseram a mesa oficial e foram citados pelos diversos oradores, a começar pela presidente Dilma Rousseff. E estamos também em pleno Biênio dos 189-190 Anos da Imigração Alemã no Brasil (2013-2014). Além do mais, crescem as parcerias entre comunidades teuto-brasileiras e alemãs – as chamadas “cidades coirmãs”,  casos já concretizados pelas municipalidades gaúchas de São Vendelino, Bom Princípio, Ivoti, Arroio do Meio e Salvador do Sul.

Protagonismo 1
O único programa de cultura alemã que se ocupa de assuntos tão vitais para o futuro e revitalização da nossa cultura alemã é o programa AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária/Die Deutsche Stunde der Gemeinden.  Aliás, não apenas se ocupa, mas é protagonista de primeira ordem. É no nosso portal www.brasilalemanha.com.br que se encontra o exclusivo Calendário Oficial de Eventos 2013-2014, válido para todo o Brasil. É ali que estão disponibilizadas inclusive as diversas opções da belíssima logomarca da Imigração Alemã no Brasil. O apresentador é também o diretor de Comunicação da Comissão Executiva do Biênio dos 189-190 Anos da Imigração Alemã (2013-2014), presidida pelo empresário e ex-secretário estadual de Cultura do RS e atual secretário municipal de Cultura de Porto Alegre, Roque Jacoby.

Show paulista
As relações Brasil-Alemanha, países locomotivas em seus respectivos continentes, estão bombando – agora mais ainda com a Temporada da Alemanha no Brasil… menos na Região Sul do Brasil!  Na verdade, continuamos reféns do velho estigma da “nacionalização a ferro e fogo” do Governo Getúlio, agravado pelos horrores da 2ª Guerra Mundial e da insuflada e subjacente baixa auto-estima de décadas subsequentes. Mais uma vez, São Paulo nos dá de relho e leva quase todas atenções, programações e investimentos alemães – isso já desde a década de 50 (Volkswagen, Bayer, Siemens, Bosch etc etc) e só ficamos com as migalhas. A USP – Universidade de São Paulo, a melhor do Brasil, manda levas e levas de estudantes para se formarem e doutorarem na Alemanha. Aqui na UFRGS (e na UFSC não é muito diferente), o idioma alemão chegou a ser excluído e depois apenas tolerado, após protestos de algumas entidades. Os Estados do RS, SC e PR estão sub-representados nos intercâmbios brasileiros com a Alemanha! Falta de informação, de competitividade, barreiras, complexos, arrogância, baixa auto-estima, preconceitos, tudo misturado. Precisamos acordar para a nova realidade e deixar de perder terreno para os mais esclarecidos e antenados justamente num domínio que deveria ser o nosso!
Confundimos alemão com quem vive nas grotas, quase à margem da nossa realidade brasileira e  com quem quase não aprendeu o português. E não nos damos conta de que a Alemanha é o país que hoje está dando mais certo no mundo e que foi apontado por três vezes consecutivas (2009, 2010 e 2011) como o “país de influência mais positiva no mundo” em pesquisa internacional da insuspeita BBC de Londres. Por motivos não revelados, a emissora britânica não mais divulgou pesquisas posteriores. Ao mesmo tempo, a Alemanha disputa com Estados Unidos e o Japão a liderança mundial em praticamente todas as áreas da ciência e tecnologia, sem falar no pioneirismo ambiental (pesquisa e desenvolvimento de energias alternativas, desativação total de suas 17 usinas nucleares em 2021, com tolerância emergencial para 2022!).

Dialetos
Assim mesmo, valorizamos muito o dialeto Hunsrick, inclusive com uma comentarista, Profa. Solange Hamester Johann, que faz ampla divulgação de seu belo trabalho de inserção e oficialização do dialeto Hunsrick em jardins de infância e nas quatro séries iniciais do Ensino Fundamental, com base nas leis brasileiras de proteção às línguas minoritárias (indígenas, africanas), que incluem também os outros dialetos étnicos, como o talian, o pomerano, o westfaliano etc. Em contato com ela, será possível também pensar na reintrodução do dialeto Hunsrik em jardins de infância e nas quatro séries iniciais do Ensino Fundamental aí no seu município. Inclusive capítulos da Bíblia foram, pela primeira vez, traduzidos para o Hunsrik.
Já o Dr. Ivan Seibel, natural do ES, médico em Venâncio Aires, RS, e escritor, se ocupa em seus comentários semanais de temas relacionados à etnia pomerana.

Parceria
Com o nosso currículo  e tantos envolvimentos, nada mais natural que lhe façamos uma proposta de parceria para um trabalho conjunto, que leve a um salto de qualidade não só na comunicação, mas também na própria comunidade. Procuramos resgatar os valores materiais e morais que sempre caracterizaram e continuarão caracterizando a verdadeira cultura alemã de solidariedade, trabalho, progresso e inovação. Para tanto, dirigimo-nos principalmente aos jovens que, herdeiros de uma cultura milenar marcante e em forte ascensão internacional (país tricampeão mundial em contribuição mais positiva para o mundo, segundo as últimas três pesquisas da BBC de Londres), poderão usufruir de proveitosos intercâmbios e estágios na Alemanha (universidades, cidades coirmãs, empresas  etc).  Através do programa AHAI, do portal BrasilAlemanha e da mala direta BrasilAlemanha Neues, com o apoio oficial da Comissão Executiva, vamos mobilizar as cidades de forte presença alemã, como  a sua, no sentido de se integrarem plenamente às comemorações da Imigração Alemã através dos seus eventos de toda ordem – festas de Kerb, danças folclóricas, canto coral, Oktoberfestas – dando-lhes uma dimensão ampla, planetária, via Calendário de Eventos, com amplo uso da logomarca oficial, da qual somos também o guardião.
O programa AHAI vai completar 19 anos em 25 de julho próximo, com até agora 980 edições semanais contínuas. Ao longo do tempo foi crescendo a consciência de que tínhamos uma importante tarefa a cumprir. Conquistamos a parceria de cinco importantes comentaristas, do RS, ES, SP e Berlim, que nos colocam em contato direto com a língua falada na Alemanha e no interior do nosso Brasil. Rodamos belas e modernas músicas alemãs, escolhidas a dedo para corresponder ao gosto da maioria de nossos ouvintes. Divulgamos encontros de família e informações do universo Brasi-Alemanha e da Imigração Alemã no Brasil.

Na manhã da última sexta-feira foi enviado, como de hábito, o programa AHAI – A Hora Alemã Intercomunitária/Die deutsche Stunde der Gemeinden nº 980 às mais de 20 emissoras assinantes (para baixar, acesse e clique em cada um dos seis blocos). Poderiam e serão certamente muito mais a partir do momento em que nossos potenciais parceiros privilegiados – os diretores das emissoras nas regiões com significativa presença alemã – se derem conta da decisiva contribuição que poderemos dar juntos para alavancar ainda mais as já dinâmicas regiões de colonização alemã, para o bem de toda a coletividade. Sua adesão será decisiva para integrar também a sua comunidade e sua região ao Calendário de Eventos da Temporada da Alemanha no Brasil, do Biênio da Imigração Alemã, no projeto “Cidades Coirmãs” e de tantas outras iniciativas de apoio a intercâmbios, que tirem  os nossos jovens da cultura de subsistência para colocá-los em sintonia com os benefícios da cultura mais inovadora do mundo >>>.

Protagonismo 2
Reconhecemos o papel fundamental que o senhor, como diretor de emissora, desempenha nesta proposta de parceria, tanto assim que em cada programa proclamamos publicamente nosso reconhecimento aos diretores e patrocinadores locais por esta parceria para a construção de um Brasil de Primeiro Mundo! Pelas razões acima expostas,  a pré-existência de um programa local dedicado á cultura alemã dificilmente justificaria a não-adoção do nosso, simplesmente porque não haverá duplicidade de conteúdos. E se parecer demasiado manter dois programas de cultura alemã (um no sábado, outro no domingo?), caberia perguntar que prioridade teriam as restantes 30, 40 ou até 47 horas de programação de um fim de semana?

Obrigado pela atenção e esperamos em breve fechar uma eficiente parceria também com a sua emissora e a sua região!

Para tanto, queira ainda conferir os seguintes itens:

AHAI 01 – Um convite para parceria de Primeiro Mundo
AHAI 02 – Cartaz para divulgação
AHAI 03 –  Múltiplas razões de inserção em parcerias de Primeiro Mundo
AHAI 04 –  Termo de compromisso    
AHAI 05 –  Amostra de mensagens/conteúdo  de um programa

Logomarca – Imigração Alemã no Brasil/Deutsche Einwanderung in Brasilien
Temporada da Alemanha e Biênio 189-190 Anos da Imigração Alemã no Brasil
Calendário de Eventos – Biênio 189-190 Anos
Cidades Coirmãs – Städtepartnerschaften (veja um “trailer” do que nos espera!…)

                 
Vamos elevar juntos sua comunidade para ser uma parceira de Primeiro Mundo!

Com os melhores cumprimentos,
Cordialmente / Beste Grüsse

Sílvio Aloysio Rockenbach – contato@brasilalemanha.com.br
Tel./fax: (51) 3392 7433 – Tel. (51) 3328 6198 – Cel. (51) 9423 2157
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