Opinião | Bolsô assusta os deuses
Ivar Hartmann*
Por Deus! Nunca pensei em escrever com um título assim. Quando ele demitiu o Sérgio Moro, aquele juiz que achava que uma andorinha faz verão e por isso podia combater os bandidos de gravata de Brasília, acampados nos tribunais superiores, ministérios e parlamentos, ou seja, em todos os órgãos governantes, fui junto. Com a entrada do chamado Centrão que abriga o que há de pior no Congresso, fiquei como quando votei no Collor e na Dilma: frustrado. E conto porque tem muita gente que fez o mesmo e esconde. Faço a retratação na esperança de não errar mais. Bem. Quando eu morava em uma cidadezinha do interior gaúcho tinha um ditado: “fulano é marido de professora”. Ou seja as professoras ganhavam bem e um bom emprego era ser marido da professora. Bons tempos para o magistério, que era um cargo respeitado, ao qual valia a pena dedicar-se e nele aprimorar-se.
Hoje melhor emprego brasileiro é o de ministro do STF: garantido para toda a vida, melhores salários do Brasil, sem necessidade de ficha limpa, ninguém para reclamar quando trabalha pouco, ajuda a mulher-advogada a conseguir boas ações e aumentar o rendimento doméstico. Como se diz: casa, comida, roupa lavada e sem compromisso. Os maridos da professora agora são os maridos da Pátria. Senhores do raio. Quando Bolsonaro pediu o impeachment de um deles vibrei. Eles tem que ser lembrados que podem perder a sinecura. E poderia entusiasmar o Senado a levar adiante, depois da CPI da Covid contra o Executivo, a CPI da Lava Toga contra o Judiciário. O problema é que os ministros/juízes tem um grande número dos parlamentares na mão. Processados por corrupção, vão acabar precisando dos ministros dos tribunais superiores. Uma mão lava outra, não acham?
*Ivar Hartmann é promotor público aposentado em Novo Hamburgo, RS.