Opinião | Ações em Bolsa: O jogo perigoso – por Ivar Hartmann*
Um professor dele disse que a venda de ações era a materialização dos sonhos de terceiros. Será? Pode ser pesadelo. Meu pai dizia que só quem ganha com o jogo é o dono da banca. Comprar ações é como jogar. Jogar, ganhar,
enriquecer fácil, livrar-se das dificuldades financeiras. Beleza. Quem o leitor conhece que ganhou dinheiro com o jogo? E a grande maioria dos silenciosos perdedores? Esconde-se o prejuízo porque é vergonhoso fazer bobagem. Comprar ações e jogar: uma mesma opção. Semana passada os jornais publicaram que a greve dos caminhoneiros trouxe um prejuízo bilionário de mais de 120 bilhões para a PETROBRAS.
Mas como? Nenhuma plataforma pegou fogo, nenhum poço secou, nenhuma refinaria explodiu, coisas que representam prejuízo. Fui ler melhor: era o prejuízo das ações. Ou seja, quem tinha comprado o El Dorado de repente se perdeu nas selvas. A companhia continua lá produzindo e empregando. Na prática nada demais ocorreu, salvo a especulação da Bolsa de Valores.
O leitor tem alguém na Bolsa de Valores? Quem conhece alguém de Diretoria ou de cargos elevados de empresa com ações vendidas na Bolsa? Então, ao comprar ou vender ações baseia-se em que? Nas notícias requentadas dos jornais?
Quando uma ação tende a subir ou descer, normalmente baseada em seus balanços, quem sabe primeiro? Sabem e ficam quietos, silenciosos como múmias? Ou vão tratar de ter lucros, comprando ou vendendo o que tem? E até a notícia chegar às redações dos jornais e ao olhar do acionista normal ou seu “expert” em ações, quantos dias passaram? Uma vez, morava em Três Passos, um alto funcionário do Banco do Brasil local, meu amigo, me informou: “Ivar, compra ações que o balanço do Banco vai fazer elas explodir. Eu até vendi meu carro!” Como não sou bobo, com algum dinheirinho que tinha, comprei ações do Banco do Brasil. Que de fato subiram. E que passou um tempo, desceram… Se foi o auto dele e minha poupança…
Não há forma de ficar rico rapidamente com ações ou jogo. Mas há forma de jogar ou comprar e terminar o ano com mais dinheiro no bolso: aplicar na velha e pouco rentável caderneta de poupança. Não dá quase nada? É verdade. Mas nos dá garantia de terminar o ano com mais do que começamos.
*Ivar Hartmann é promotor público aposentado e colunista do Jornal NH do Grupo Sinos de Novo Hamburgo, RS