Waczlawoski Carta Hermann Rodies 03 11 1948 português

Mein Lieber Martin –  meu querido Martin; und liebe andere Waczlawoski – e queridos outros Waczlawoski. Aliás, o texto original em alemão vai publicado no portal BrasilAlemanha, link Encontros de Família – Família  Waczawoski. / Vamos em frente: Antes de mais nada, minha saudação muito cordial. Desculpem-me, por favor, se não escrevi para toda a família, mas só ao Martin, mas isso se deveu ao fato de que não posso mais saber quem de vocês ainda está em casa e quem já se casou e mora em outro lugar. Eu espero que o pai e a mãe ainda estejam vivos e que estejam gozando de boa saúde. Primeiro vou escrever a respeito de mim mesmo. Hoje estou novamente trabalhando na Polícia e presto de novo o meu serviço. Quando aqui começou a guerra em 1939, eu já tinha alcançado o posto de inspetor de polícia. Aí veio a guerra contra a Rússia e também eu fui recrutado para a guerra. Logo no primeiro dia eu participei da invasão na Rússia. Vocês devem ter ficado sabendo na época o que nos aconteceu. Eu mesmo cheguei a uma aproximação de 40 km de Moscou e aí veio o grande frio. Eu mesmo passei por temperatura de 52 abaixo de zero na localidade em que me encontrava. Muito rapidamente fui promovido a oficial, aí a guerra ficou mais fácil para mim. Em 1944 tive a infelicidade de levar um tiro na cabeça. Aí eu fiquei logo três mess de cama e já não sabia mais como se chamavam os meus familiares. Mas aos poucos fui melhorando e hoje praticamente não percebo mais nada disso. Pelo fato de eu ter sido ferido eu saí do campo de guerra, senão eu teria sido feito prisioneiro dos russos e dificilmente estaria vivo. Da minha companhia, que eu então comandava, pelo que eu fiquei sabendo, ninguém mais voltou para casa. Ou os russos os mataram a todos ou eles foram feitos prisioneiros.

/  Ficamos sabendo há pouco que da Companhia alemã comandada pelo oficial alemão Herrmann Rodies na ofensiva contra Moscou sobrou provavelmente só ele mesmo, após levar um tiro na cabeça e ser retirado do front russo. /  E ele continua contando na carta: “Após o final da guerra, meu ferimento me deixava ainda paralisado de um lado. Meu serviço na polícia eu não podia mais prestar. Aí eu fui para o mato e ajudei a derrubar árvores. Foi bom para mim o fato de eu não estar numa cidade grande, pois senão talvez eu tivesse morrido de fome. Aqui na Alemanha era tudo uma confusão. Trabalhar eu não podia, aí eu não saberia do que poderia viver. Como vocês certamente já devem ter ouvido, havia aqui entre nós uma grande fome. Nós recebíamos por dia em banha o correspondente ao peso de uma caixinha de fósforo. Ou seja, algo um pouco acima de um grama de gordura. Agora já estamos em situação melhor. Neste mês recebemos 625 gramas para todo o mês. Vocês certamente pensarão que é bem pouco, mas para nós isto significa muitíssimo. E recebemos um quarto de quilo de pão por dia. Com isso já se consegue viver bastante bem. Durante todo o verão nós ou não recebemos nada de carne ou apenas 100 gramas por mês. No momento, nós recebemos 300 gramas de carne de cavalo para todo o mês, que nos é fornecida dos Estados Unidos. O pior para nós é a situação com o tabaco. A maioria dos homens fuma o que conseguem receber. Um charuto é tão caro que um operário na fábrica tem de trabalhar quase uma hora para poder comprar um. Mas eu estou satisfeito com o fato de que nos encontramos já tão bem.

Ainda há três meses só se ganhava tanto dinheiro que com um mês inteiro de trabalho se podia comprar clandestinamente meio quilo de gordura. Agora se comenta muito na Alemanha que em breve povavelmente haverá uma nova guerra, e desta vez entre os Estados Unidos e os russos. Se isto realmente acontecer, não será muitos os alemães que continuarão vivos. Esperemos, portanto, que isso não venha a acontecer. /  E conclui: “Escrevam-me, por favor, também uma carta em breve, contando como vocês passaram nos últimos 10 anos, nos quais não soubemos nada uns dos outros. O pais e a mãe ainda estão vivos? Como vai no negócio? O que faz o João e os outros irmãos? Como vãos os Birlers os outros conhecidos? Transmitam ao compadre Bloss e a seu filho, que hoje também já deve ter seus 20 anos, um forte abraço. Talvez a situação já tenha chegado ao ponto de vocês nem saberem mais, quem é o alemão Hermann. Por causa da guerra, não se tinha oportunidade de escrever uma carta para vocês. Com muitas saudações cordiais a todos, um abraço de Hermann.

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