Três milhões e 500 mil livros – por Ivar Hartmann*
Sabem os leitores: legereterapia (légere, em latim = ler) é a cura pela leitura. Aspectos especiais do ler, do gostar de ler, do usar parte do tempo ocioso dedicado aos livros, surgem para provar a importância que tem para o homem a amizade com as letras. No Brasil, quando a manchete é números, significa valores monetários surrupiados, em mais um escândalo nacional. Tantos, toda semana, que conseguem levar á apatia os honestos. Mas números também podem significar avanços em determinado setor. Avanços conquistados com trabalho, amor e inteligência. É o exemplo do trabalho com crianças do ensino fundamental levado á efeito pela iniciativa privada em conjunto com Prefeituras Municipais e escolas particulares, na Região Sul do Brasil, na Grande Porto Alegre. Destina-se a despertar nas crianças o interesse pela leitura. Distribuindo entre as mesmas, fascículos coloridos, fartamente ilustrados com texto de autores de renome nacional. Na distribuição, faz-se intenso trabalho nas salas de aulas, com professores treinados para tal, em cursos e encontros patrocinados por duas entidades universitárias sulinas: a FEEVALE de Novo Hamburgo e a FACCAT de Taquara.
Isso tornou possível a distribuição, em dez anos, gratuitamente, do número recorde de 3,5 milhões de fascículos, coisa dos países cultos da Europa. Nestes anos de atividades do PROJETO LER, com o trabalho de centenas de Professores e o interesse e simpatia de Prefeitos e Secretários Municipais de 52 municípios rio-grandenses, foi possível incentivar a leitura com mais de trezentos mil alunos. Em uma década, uma população! Em 2012, nos municípios que aderiram ao PROJETO LER, 2.500 escolas e 150 mil alunos receberam 470 mil fascículos de leitura variada. Fascículos coloridos presenteados aos alunos do ensino fundamental. Por seu conteúdo e cores, fascinam as crianças e levam os alunos a gostar da leitura. Pronto. Leitura é como uma droga: vicia. E quanto mais cedo nela nos viciarmos, melhor para a nossa vida. Há que falar dos escritores, chargistas e ilustradores que colaboraram nesta década com suas obras: nenhum cobrou um centavo por seu trabalho e dedicação! Não obstante serem autores consagrados e nomes dos mais expressivos da cultura nacional. Não parece Brasil. Melhor: parece sim. Afinal, na imensa maioria, com nossos credos e raças, formamos uma população ordeira, trabalhadora e otimista.
*Ivar Hartmann é promotor público aposentado e colunista do Jornal NH, Grupo Sinos, de Novo Hamburgo, RS
Contato: ivarhartmann@hotmail.com