matéria de: Anja Dullius
Lissi - Texto: Quando espaços vitais pedem socorro
por Lissi Bender – lissi@unisc.br
Grace Bender Azambuja, em sua coluna Eco, Lógico, tem alertado para o crescente impacto da desvatação de espaços vitais a interferir na qualidade de vida em particular, e na sobrevida do planeta em geral. Parece-me que, de certa forma, realmente ainda dormimos em “berço esplêndido”.
Em outros lugares pude vivenciar pessoalmente como a coletividade se une fortemente em favor de questões comuns. Em Tübingen, certa feita, uma grande indústria farmacêutica estava em tratativas com a prefeitura e com a universidade para se instalar na periferia da cidade, em uma imensa área verde. Qual não foi o rebuliço que os munícipes fizeram questionando os efeitos sobre o meio ambiente local e defendendo a área verde como intocável para a sua qualidade de vida e para a das próximas gerações. Resultado: os planos tiveram que ser alterados.
Na Alemanha , muitas são as iniciativas para alertar a população e os setores públicos para a proteção dos espaços vitais. Lá, existe, desde 1975, uma associação, um “Bund für Umwelt und Naturschutz”, que reúne pessoas ativamente engajadas pela preservação da fauna e da flora. Já em 1978, a associação lançou uma campanha em favor das aves, “Rettet die Vögel”. Na época, divulagaram uma lista das aves em risco de extinção, propondo medidas contra a mortandade de animais e plantas. Desde então, cada ano é eleita uma “planta do ano”, uma “árvore do ano” ou uma “ave do ano”. Em 2012, por exemplo, foi eleita uma conífera, o larício, que pode atingir 40 metros de altura e viver até 600 anos e que está em risco de desaparecer das paisagens europeias.
Entre nós, quem observa as mudanças no meio ambiente, percebe que os espaços vitais das aves silvestres estão sendo progressivamente devastados. Com seu habitat destruído, elas são forçadas a migrar, aproximam-se de áreas urbanas em seu desesperado esforço pela sobrevivência. Aqui em minha Heimat (área urbana) tem sido comum observar tucanos, jacus, pombas silvestres que, até há pouco tempo, podiam somente ser encontrados em florestas.
Também nós precisamos criar e intensificar mecanismos que promovam qualidade de vida, que impeçam o processo de destruição e permitam a continuidade da biodiversidade entre nós. Neste sentido, fazem-se imperiosas medidas que recuperem a qualidade da água, a fertilidade do solo, impeçam seu envenenamento e que impossibilitem a ocupação indiscriminada dos espaços verdes.
Qualidade de vida também passa pela preservação da diversidade linguística existente entre nós, que igualmente está ameaçada. Mas aí, já é outra história. De todo modo, há muito para ser aprendido e ser feito se quisermos que nosso hospedeiro, o planeta Terra, tenha condições para continuar a abrigar vida com qualidade. Precisamos sensibilizar toda a coletividade para o imensurável valor da vida. Urge prepararmos nossas crianças e jovens para assumirem conscientemente a responsabilidade de proteger, preservar, cuidar melhor da vida. Bem melhor do que nós próprios fomos até agora capazes de fazê-lo.
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